Nicea Quintino, Ana Flávia Magalhães Pinto e Fran Demétrio foram algumas palestrantes das mesas dessa quinta-feira (19/09)
Com mediação de Lia Maria dos Santos (DF), a mesa Perspectivas Políticas e Acadêmicas abriu o segundo dia do Encontro Nacional Pensamento Negro Contemporâneo, no foyer no Teatro Nacional Claudio Santoro.
Nicea Quintino (MG) mostrou dados importantes sobre a população preta na pós-graduação no Brasil e informações sobre a Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN). De acordo com a professora, a proporção nacional de mulheres negras doutoras é de apenas 1 para cada 1 milhão de habitantes. Outro dado que chamou atenção do público foi a porcentagem de pesquisadoras pretas que realizam estudos na área de exatas: apenas 5,5%
“A ABPN é um instrumento que pode melhorar a educação da população negra brasileira. Podem ser filiados estudantes do Ensino Médio, da Graduação e da Pós; professores; técnicos administrativos e ativistas de movimentos sociais", destacou Nicea. "A pesquisa não é feita apenas na academia. A construção do saber preto também está no jongo e nos terreiros de candomblé e umbanda, por exemplo”.
Na sequência, Renísia Garcia (DF) falou sobre a criação e a atuação do Grupo de Estudos e Pesquisa em Políticas Públicas, História, Educação das Relações Raciais e de Gênero (GEPPHERG) e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB), ambos na Universidade de Brasília. Segundo Renísia, a atuação de grupos como esses vai além das universidades e o exemplo mais recente é o projeto de extensão Afrocientista (parceria da ABPN com NEABs de todo país), que potencializa o conhecimento de jovens negros do Ensino Médio.
O professor Joaze Bernardino-Costa (DF) encerrou a mesa refletindo maneiras de como quebrar a lógica do racismo da branquitude – sobretudo na sociedade brasileira – e comentando capítulos do livro “Decolonidade e pensamento afrodiaspórico”, do qual é um dos organizadores.
História e gênero
À tarde, a plateia acompanhou e participou dos debates da mesa Dimensões Históricas do Ativismo Negro, com mediação de Renata Melo (DF) e formada por Ana Flávia Magalhães Pinto (DF), Guilherme Lemos (DF) e Vinicius Dias (DF). Psicólogo, Vinicius falou sobre os impactos da violência racial na vida de negras e negros.
Já Ana Flávia e Guilherme, ambos historiadores, abordaram as experiências negras na construção de Brasília e a relevância de um outro olhar para a historiografia. “Não nascemos na escravidão, ela foi uma condição histórica temporária e, desde o início, teve pessoas que contestaram tal condição”, afirmou Ana Flávia.
Exuzilhamentos Ancestrais de Negritudes e Dissidências Sexo-Gênero foi o tema da última mesa do dia. Nathália Vasconcellos (DF) mediou as conversas de Tatiana Nascimento (DF), Fran Demétrio (BA) e Carú de Paula Seabra (SP) sobre raça, gênero e a saúde mental e física de mulheres negras cis e trans.
Encontro Nacional Pensamento Negro Contemporâneo
O evento gratuito acontece até sexta-feira (20/09) no foyer do Teatro Nacional Claudio Santoro. Confira a programação:
Dia 20 de setembro (sexta-feira)
Das 9h às 12h, mesa 6 FILOSOFIAS AFRICANAS e AFRO-BRASILEIRAS com Denise Botelho (PE); Sebastião Fernando da Silva (DF); Wanderson Flor (DF) e Glória Moura (DF). Mediação: Tata Ngunz’tala (DF).
Das 14h às 17h, mesa 7 ANCESTRALIDADE E CONTEMPORANEIDADE, Nei Lopes (RJ); Deise Benedito (DF) e Givânia Maria da Silva (DF). Mediação: Nelson Inocêncio.
Das 19h às 22h, Sarau de encerramento.
Fotos: Marcelo Dischinger/Reprodução
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